Categoria: Aprendizagem Criativa

A transdisciplinaridade na educação formal: desafios e perspectivas

Falar da transdisciplinaridade na educação pode parecer complicado em um primeiro momento, mas tem uma analogia que simplifica: uma orquestra só funciona perfeitamente quando os instrumentos tocam em harmonia, transcendendo suas individualidades.

Sim, a transdisciplinaridade é como essa orquestra. Ela integra várias áreas, de modo a criar uma experiência mais holística no aprendizado. A boa notícia é que essa abordagem transforma a sala de aula em um verdadeiro laboratório de conhecimento.

O que é transdisciplinaridade?

Conforme artigo da Revista Brasileira de Educação, transdisciplinaridade é transgredir a lógica da não-contradição. Apesar de parecer ser uma síntese complexa, considere que parte dos exemplos de pares binários:

  • Sujeito e objeto;
  • Matéria e consciência;
  • Simplicidade e complexidade;
  • Unidade e diversidade.

Assim, cria-se uma lógica, a do terceiro termo incluído. Ou seja, a possibilidade de novas e diferentes perspectivas em um mesmo sistema. Portanto, foge da ideia de que uma proposição só pode ser verdadeira ou falsa, criando um estado intermediário entre ambos.

Uma forma simplificada de responder o que é transdisciplinaridade é: uma abordagem do conhecimento que, ao invés de focar em uma área isolada, integra diversas áreas, criando uma compreensão mais completa e complexa.

Dá para facilitar ainda mais esse conceito. Imagine o estudo do corpo humano, onde temos a abordagem disciplinar da biologia. Como podemos implementar uma abordagem mais integrativa e participativa no processo de aprendizagem?

Ao adicionar os conhecimentos científicos de química, de modo a entender as reações que acontecem no corpo. Ou a gente pode adicionar a área da sociologia para analisarmos como os fatores sociais impactam na saúde das pessoas. Concorda?

Portanto, essa abordagem permite uma integração de áreas, logo, uma visão mais holística do mundo. Mas cuidado para não confundir os termos inter, trans e multidisciplinaridade. Se você não sabe exatamente do que se trata, não se preocupe, vamos falar disso no tópico a seguir.

Um dos materiais mais ricos desse tema que podemos encontrar na internet é “O manifesto da transdisciplinaridade”, de Basarab Nicolescu, disponível nos arquivos da USP (Universidade de São Paulo). Ele explica a diferença dos conceitos da seguinte forma:

  • A multidisciplinaridade é o estudo de um objeto por várias disciplinas ao mesmo tempo, ou seja, é uma ampla abordagem inscrita em uma mesma estrutura;
  • A interdisciplinaridade é a transferência de métodos de uma disciplina para outra, podendo ser em grau de aplicação, epistemológico ou geração de novas disciplinas;
  • A transdisciplinaridade indica o que está entre, através e além das disciplinas, sendo que o objetivo é o entendimento do mundo por meio do conhecimento.

Dessa forma, a transdisciplinaridade não é contrária à inter ou à pluridisciplinaridade, mas complementar, sendo vistas como “flechas de um mesmo arco, o do conhecimento”. No entanto, muda o fato de não fazer parte da pesquisa disciplinar.

Os desafios da transdisciplinaridade na sala de aula

Entender o que é transdisciplinaridade, de fato, não é tão complicado assim, como vimos acima. Mas, a partir disso, vem a reflexão: como aplicar a abordagem transdisciplinar na sala de aula? De fato, temos um cenário desafiador, especialmente, quando consideramos os temas:

A estrutura física é uma das barreiras para a transdisciplinaridade nas escolas. O motivo é que esses ambientes são feitos para terem aulas separadas por disciplinas. Toda escola tem a sala de cada turma, não é?

Só que agora estamos diante de um momento muito mais integrador e a falta de espaços comuns será um desafio a ser vencido. Nestes casos, as salas de pesquisas ou computação e os laboratórios multifuncionais são ótimas soluções.

Vimos que a transdisciplinaridade integra áreas. Então, é preciso criar projetos que façam isso, engajando alunos, o que resulta em uma tarefa bastante complexa. Ainda pensando no currículo, como avaliar essa disciplina? Bem, os projetos vão exigir mais esforço e mais tempo dos professores, com certeza. Mas vale a pena! Além disso, saiba que provas e testes não vão funcionar nesta abordagem, já que devemos considerar uma compreensão holística dos estudantes.

Não podemos deixar de mencionar outro desafio: o da formação superior do professor. A maioria desses profissionais tem base que vem de um sistema de educação tradicional, no qual cada disciplina é vista de maneira isolada.

Chegou a hora de romper barreiras com uma visão diferente na forma de ensinar e aprender. Eles precisam estar preparados para lidar com o novo, criando ambientes propícios e confortáveis para os alunos e as conexões das áreas.

As perspectivas da transdisciplinaridade na educação

Apesar de apresentar cenários desafiadores, a implementação da transdisciplinaridade nas escolas é um “investimento” compensador. Afinal, traz consigo um ensino muito mais holístico e engajador, com a participação ativa de alunos e integração de disciplinas.

Entre os principais benefícios:

  • Desenvolvimento de habilidades e competências modernas;
  • Estímulo à pesquisa e inovação;
  • Aprendizagem contextualizada em várias áreas;
  • Formação de pessoas críticas e participativas;
  • Promoção da inclusão e da diversidade.

Para acontecer, é preciso que todos os agentes estejam envolvidos nos projetos educacionais que vão ao encontro dessa abordagem. É uma mudança, especialmente, de mentalidade.

Uma ótima perspectiva vem com a Proposta Curricular Nacional (PCN), que traz os temas transversais como relevantes na proposta. Logo, é um assunto que se conecta diretamente com o que está sendo mencionado neste conteúdo, a transdisciplinaridade.

Um exemplo vem da promoção da sustentabilidade, viável em ambos os conceitos, da PCN e da integração das disciplinas. A partir disso, é possível conectar áreas, como biologia, história e sociologia, a fim de trazer várias dimensões das ciências da natureza. Do mesmo modo, esse incentivo também valoriza a cultura local e a diversidade, promovendo o respeito entre os grupos. E, tão logo, aproxima os estudantes das suas perspectivas, do dia a dia. Além de integrar, aproxima da realidade também.

A transdisciplinaridade como abordagem de ensino

Portanto, em meio aos desafios e perspectivas, temos a transdisciplinaridade na educação formal como uma abordagem para potencializar o ensino, de maneira a construir uma educação mais holística, engajadora e integradora de conhecimentos.

Lembra da analogia com a orquestra? O objetivo nunca é excluir um instrumento, mas criar uma experiência sonora única e emocionante. Do mesmo modo, a partir das especificidades de cada área, a transdisciplinaridade possibilita uma melodia rica em aprendizado.

Em um mundo cada vez mais conectado, a educação não pode ser fragmentada. Essa é uma demanda do século e a jornada holística de aprendizado é uma das respostas!

Todo educador tem papel importante em orquestrar essa sinfonia educacional, dando voz às singularidades e integrando saberes. Se você é um deles, aqui está um convite para conhecer o Ciência Mão na Massa e as Formações Híbridas da Escola do Inventor.

Afinal, também acreditamos na transdisciplinaridade como ferramenta para a educação.

Aprendizagem criativa: a ciência de maneira divertida e engajadora

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Existem métodos que permitem relacionar conteúdos curriculares da disciplina de ciências de maneira mais divertida e engajadora para os alunos. Um deles é a aprendizagem criativa, que incentiva experimentos e experiências na construção e manipulação do conhecimento. 

O seu principal entusiasta é Seymour Papert, um teórico que deixou muitos estudos publicados sobre os saberes dos estudantes e a motivação para aprofundá-los na prática. Portanto, se você tem interesse em ter uma sala de aula mais dinâmica, continue lendo. 

O que é a aprendizagem criativa?

Essa abordagem pedagógica sugere a criação de ambientes mais divertidos, que encorajem o conhecimento. Como consequência, permite uma aprendizagem mais lúdica, mais criativa e mais relevante.  

Sabe aquela ideia de aprender se divertindo? Essa é uma boa definição para aprendizagem criativa. Para tanto, há alguns princípios: 

  • Projetos, 
  • Paixão, 
  • Pares e 
  • Pensar. 

Essas indicações não têm ordem, podendo acontecer instantaneamente. Além disso, permite-se a inclusão de teorias conhecidas, novas experiências, reflexões pessoais e mais. É como um laboratório vivo, sem teto nem parede. É a prática e a teoria de mãos dadas! 

Alguns teóricos dizem que para esse tipo de processo acontecer, ele precisa ser em modo circular, como um espiral. Isto é, bem diferente do processo educacional linear e tradicional. Assim, usar materiais, ideias e inovação pode ser a melhor ideia na aula de Ciências. 

Atualmente os alunos já são protagonistas de suas próprias vidas, inclusive, com celulares nas mãos e a possibilidade de compartilharem suas criações. Na escola, eles também devem manter essa postura, sem ficar à mercê de uma didática tradicionalista que impossibilita novas descobertas. 

O construcionismo de Seymour Papert

Para embasar a teoria da aprendizagem criativa, ninguém melhor do que Seymour Papert. Ele está por trás dos principais estudos sobre o construcionismo, isto é, conjunto de ideias sobre o uso da tecnologia na criação de ambientes educacionais mais divertidos e engajadores. 

O conceito surgiu na década de 1960 a partir de uma síntese de Piaget com as novas tecnologias que estavam surgindo e emergindo nesses anos. Assim, nasceu o que seria a educação contextualizada, integrando conhecimento para aplicar em soluções. 

Um dos pontos mais interessantes do autor é que menciona as facetas sociais e afetivas em prol dessa construção. Ou seja, há espaço para a troca de experiências, considerando a tecnologia, assim como cultura, personalidade e motivação

O papel do professor na aula de ciências

A partir da teoria acima, o professor deve ser aquele personagem que incentiva e fortalece as potências de cada aluno, seja no individual ou no coletivo. Ele deve estar preparado e se sentir confiante para dar apoio aos estudantes em posicionamentos críticos e reflexivos. 

Essa nova abordagem pedagógica é que permite experimentar condições e formas de trabalho ainda pouco comuns. Assim, conforme Papert, é possível expandir as várias áreas do conhecimento e, inclusive, contextualizar com as ciências. 

Uma coisa é sistematizar e registrar as atividades. Outra, bem diferente que precisa ser colocada em prática o quanto antes, é testar e incentivar as percepções das novas gerações. É sobre trocar experiências e fazer muitos experimentos. 

A partir disso, os melhores caminhos se mostram com as metodologias ativas e o ensino “mão na massa”, ambos ligados à aprendizagem criativa. São ferramentas necessárias para que os docentes apoiem os estudantes em suas inovações, criações e aprendizados. 

Os experimentos científicos na sala de aula

Em uma plataforma de publicações online, encontramos um capítulo de um artigo que menciona o aprendizado construcionista baseado em Piaget e Papert. Os experimentos científicos em sala de aula criam uma aprendizagem criativa a partir de que: 

  • As pessoas constroem ativamente seu conhecimento, 
  • Articular os processos permite aprimorá-los, 
  • O aprendizado tem uma estrutura (conceitos e combinações) e 
  • Aprendemos com influência do ambiente. 

O artigo também menciona outros estudos acadêmicos, inclusive, com foco em encorajar os ambientes educacionais a investirem, cada vez mais, nas práticas construcionistas. Para tanto, há de se pensar em dimensões incentivadoras aos alunos, sendo: 

  • Pragmática – a sensação de aprender algo de uso imediato, 
  • Sintônica – sintonia com o que é importante para o aluno, 
  • Sintática – manipulação e combinação de materiais, 
  • Semântica – uso de materiais com significados e 
  • Social – integra as relações pessoais à cultura do ambiente. 

Portanto, uma ótima forma de aplicar a aprendizagem criativa em sala de aula, para ensinar ciência de maneira divertida, é realizar um trabalho pedagógico que contextualiza com o território e interesse dos estudantes.

Essa é uma proposta que vem do Papert e está presente também na BNCC (Base Nacional Comum Curricular). O desafio é construir ambientes que permitam o compartilhamento de experimentos e experiências em torno dos envolvidos. 

Experimentando a BNCC: formação continuada de professores

Até aqui, vimos que a aprendizagem criativa pode ser aplicada à sala de aula para potencializar o ensino de ciência. O que é feito construindo experimentos científicos de forma ativa e permitindo as experiências dos alunos, o que é incentivador. 

Mas, como fazer isso? A resposta está na formação continuada dos professores, que devem permitir e incentivar a construção do conhecimento se dá por meio da criação de objetos físicos e digitais. Isto é, o conceito conhecido como “experiência mão na massa”. 

Aliás, “mão na massa” é a base da proposta da Experimentando a BNCC, uma plataforma totalmente gratuita que objetiva auxiliar professores do Ensino Fundamental I na criação de atividades de aprendizagem criativa dentro das salas de aula. 

Para aplicar os conceitos do construcionismo de Seymour Papert na sua escola e incentivar os estudantes a serem mais ativos, entre em contato para saber mais sobre o Experimentando a BNCC: contato@escoladeinventor.com.br ou 16-98131-3197.

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